Era noite de Halloweenm a lua cheia brilhava forte no céu. José bateu o copo de pinga com força no balcão e se despediu do atendente gordo que enxugava alguns copos do outro lado. De pé, ele notou que o mundo estava girando incontrolavelmente, o porre do dia havia sido “bão” como gostava de dizer.
Ele saiu do bar e virou à esquerda. Caminhou algumas quadras pelas ruas esburacadas e mal iluminadas quando se viu diante de uma bifurcação. A sua esquerda, uma mata densa e perigosa que tinha uma trilha pequena que o levaria até a fazenda onde trabalhava de peão e morava com sua esposa e filhos. A sua direita uma estrada de chão batido que o levaria ao mesmo destino, mas demoraria uns quinze minutos a mais. Normalmente ele não pensaria duas vezes, iria pela estrada que era segura que o guiaria certamente a sua casa, ele tinha medo não somente de se perder, mas também dos animais famintos que o teriam como presa fácil. Mas naquele dia resolveu ir pela trilha.
“Se eu ficar na trilha eu me não me perco, chego em casa mais cedo para encher de sopapos aquela vadia que se diz minha muié.” – disse excitado.
O álcool não deixava o medo controlar José que foi caminhando em direção a mata.
“Ô seu Zé.” - Escutou o bêbado de longe.
Quando olhou para trás viu um de seus amigos correndo em sua direção. Sem dizer nada ele olhou para o homem que se aproximava.
“Ô seu Zé, onde ocê ta indo sô?
“Onde ocê pensa seu bocó? Pra casa é craro uai.
“Se eu fosse ocê eu num entrava ai não. Ocê sabe que tem gente que morre ai por essas bandas e gente que desaparece também.
“Era só o que me faltava, vai te catar, eu quero chegar em casa logo.”
E José seguiu seu caminho ignorando seu amigo que continuou protestando até perceber que não teria nenhum resultado.
A escuridão aumentava a cada passo que ele dava, a mata se fechava ao seu redor e a trilha pouco a pouco desaparecia. José quis voltar, mas quando olhou para trás se deparou com a escuridão. Agora ele já não sabia em que direção tomar ou mesmo em que direção estava.
“Celeste eu vou te matar sua desgraçada, é tudo culpa sua, eu vou te matar.” – gritou o bêbado culpando sua pobre esposa por seu próprio erro.
Após o grito a natureza parecia mais viva do que nunca. O barulho de animais, insetos e plantas eram claros agora, pareciam chamar seu nome. José se virava de um lado a outro tentando ver alguma coisa e com medo de ser atacado. Algo se enrolou em sua mão o prendendo em uma árvore e ele gritou novamente, um inseto pousou em seu ouvido e ele ainda gritando deu tapas fortes e descontrolados em sua orelha tentando retirar o bicho que zumbia cada vez mais alto. Agora ele tinha certeza de que estava sendo atacado, sentia que vários insetos subiam por sua perna e muitos outros zumbiam ao seu ouvido. Desesperado ele chorou.
Para o seu terror passos fortes e altos vinham em sua direção. Seu maior medo havia se tornado realidade e ele seria atacado por um lobo, onça ou qualquer animal feroz e carnívoro que estava pronto para comer uma presa fácil.
“Celeste, eu só queria chegar em casa.” – repetiu o nome da esposa chorando.
“José. É ocê?” – disse uma voz conhecida.
Em um passe de mágica tudo desapareceu, os insetos já não subiam por suas pernas ou zumbiam em seus ouvidos. O que lhe prendia a mão à arvore já não estava lá. A escuridão aos poucos foi dispersando e ele novamente podia ver as silhuetas das plantas e da pessoa que se aproximava.
“Celeste, ainda bem que ocê taaqui. Eu achei que eutava perdido, minha imaginação estava me pregando uma peça das boa.”
“Eu escutei seus grito e vim te encontrar. Agora vem, vamo pra casa homi.”
Os dois começaram a andar pela mata. Celeste na frente mostrando o caminho e José seguindo enquanto elogiava a mulher por salva-lo. Ela por sua vez andava rápido e ficou calada a maior parte do tempo somente respondendo com um “uhum” as perguntas do bêbado.
Enquanto isso, Celeste, a esposa de José, conversava com um amigo de seu marido em sua casa. Ele contava a ela que José havia entrado na mata, estava bêbado e descontrolado. Isso havia mais de uma hora e com certeza ele estava perdido porque o trajeto não demorava mais do que dez minutos. Ela sabia que não havia nada a ser feito a não ser esperar até amanhecer e ir procurá-lo.
Com a mão no rosto Celeste chorou por horas seguidas, apesar de seu marido não ser perfeito ela o amava e seus filhos também. Por isso ela não queria perde-lo.
“ Óia, eu sei que eu tava perdido, mas porque tamo demorando tanto? Se eu tava tão longe de casa assim como ocê me escutou?” – questionava o bêbado.
“Estamos chegando, logo logo ocê vai chegar em casa, oia a luz ali.” – respondeu a mulher.
José olhou para frente e viu uma luz branca em meio a vegetação. Afobado ele saiu correndo em direção ao seu destino. Quando ele passou pela ultima árvore ele levou um susto e parou imediatamente com medo de perder sua vida. Por pouco ele não caiu no penhasco a sua frente.
“Sua desgraçada. Ocê ta tentando me mata? – gritou José olhando a mulher que ainda estava caminhando em sua direção.
Celeste não disse nada e continuou caminhando em direção a José que esperava que ela se aproximasse para dar-lhe umas bordoadas. A luz da lua cheia iluminou o rosto daquela que supostamente era sua esposa.
Para o terror de José, quem o guiou para fora da mata não foi sua esposa, mas uma figura que ele não podia imaginar o que era. O rosto lembrava uma cabra misturada com um cavalo com olhos grandes em formato elíptico, mas coberto de escama vermelha. O corpo parecia humano, mas era coberto de pelos negros e brilhantes. No lugar dos pés havia um par de cascos. O ar que antes estava fresco e cheirava a plantas havia se transformado em um ar pesado e denso, o cheiro de enxofre no ar era muito evidente para ser ignorado.
“Vai de reto Sat...” – tentou gritar José.
Com uma velocidade inumana a criatura correu em direção a José. Com um de seus cascos ela bateu no peito do homem que foi arremessado no precipício. O bêbado sentiu o casco bater em seu peito, seus pulmões não obedeceram a ordem de respirar. Seus pés saíram do chão e ele outra vez viu o mundo girar descontroladamente.
O José girou dezenas de vezes até atingir uma pedra que ficava em baixo do precipício. Seu corpo contorcido ficou estático e seu olhar petrificado. Sangue escorreu por debaixo de seu cadáver manchando a pedra de vermelho. Olhando com deleite lá de cima do precipício estava a criatura. Sorrindo com seus dentes grandes e pontiagudos. Ela diz ao espírito de José que esta sendo carregado por vultos sombrios enquanto se debatia e gritava.
Ele saiu do bar e virou à esquerda. Caminhou algumas quadras pelas ruas esburacadas e mal iluminadas quando se viu diante de uma bifurcação. A sua esquerda, uma mata densa e perigosa que tinha uma trilha pequena que o levaria até a fazenda onde trabalhava de peão e morava com sua esposa e filhos. A sua direita uma estrada de chão batido que o levaria ao mesmo destino, mas demoraria uns quinze minutos a mais. Normalmente ele não pensaria duas vezes, iria pela estrada que era segura que o guiaria certamente a sua casa, ele tinha medo não somente de se perder, mas também dos animais famintos que o teriam como presa fácil. Mas naquele dia resolveu ir pela trilha.
“Se eu ficar na trilha eu me não me perco, chego em casa mais cedo para encher de sopapos aquela vadia que se diz minha muié.” – disse excitado.
O álcool não deixava o medo controlar José que foi caminhando em direção a mata.
“Ô seu Zé.” - Escutou o bêbado de longe.
Quando olhou para trás viu um de seus amigos correndo em sua direção. Sem dizer nada ele olhou para o homem que se aproximava.
“Ô seu Zé, onde ocê ta indo sô?
“Onde ocê pensa seu bocó? Pra casa é craro uai.
“Se eu fosse ocê eu num entrava ai não. Ocê sabe que tem gente que morre ai por essas bandas e gente que desaparece também.
“Era só o que me faltava, vai te catar, eu quero chegar em casa logo.”
E José seguiu seu caminho ignorando seu amigo que continuou protestando até perceber que não teria nenhum resultado.
A escuridão aumentava a cada passo que ele dava, a mata se fechava ao seu redor e a trilha pouco a pouco desaparecia. José quis voltar, mas quando olhou para trás se deparou com a escuridão. Agora ele já não sabia em que direção tomar ou mesmo em que direção estava.
“Celeste eu vou te matar sua desgraçada, é tudo culpa sua, eu vou te matar.” – gritou o bêbado culpando sua pobre esposa por seu próprio erro.
Após o grito a natureza parecia mais viva do que nunca. O barulho de animais, insetos e plantas eram claros agora, pareciam chamar seu nome. José se virava de um lado a outro tentando ver alguma coisa e com medo de ser atacado. Algo se enrolou em sua mão o prendendo em uma árvore e ele gritou novamente, um inseto pousou em seu ouvido e ele ainda gritando deu tapas fortes e descontrolados em sua orelha tentando retirar o bicho que zumbia cada vez mais alto. Agora ele tinha certeza de que estava sendo atacado, sentia que vários insetos subiam por sua perna e muitos outros zumbiam ao seu ouvido. Desesperado ele chorou.
Para o seu terror passos fortes e altos vinham em sua direção. Seu maior medo havia se tornado realidade e ele seria atacado por um lobo, onça ou qualquer animal feroz e carnívoro que estava pronto para comer uma presa fácil.
“Celeste, eu só queria chegar em casa.” – repetiu o nome da esposa chorando.
“José. É ocê?” – disse uma voz conhecida.
Em um passe de mágica tudo desapareceu, os insetos já não subiam por suas pernas ou zumbiam em seus ouvidos. O que lhe prendia a mão à arvore já não estava lá. A escuridão aos poucos foi dispersando e ele novamente podia ver as silhuetas das plantas e da pessoa que se aproximava.
“Celeste, ainda bem que ocê taaqui. Eu achei que eutava perdido, minha imaginação estava me pregando uma peça das boa.”
“Eu escutei seus grito e vim te encontrar. Agora vem, vamo pra casa homi.”
Os dois começaram a andar pela mata. Celeste na frente mostrando o caminho e José seguindo enquanto elogiava a mulher por salva-lo. Ela por sua vez andava rápido e ficou calada a maior parte do tempo somente respondendo com um “uhum” as perguntas do bêbado.
Enquanto isso, Celeste, a esposa de José, conversava com um amigo de seu marido em sua casa. Ele contava a ela que José havia entrado na mata, estava bêbado e descontrolado. Isso havia mais de uma hora e com certeza ele estava perdido porque o trajeto não demorava mais do que dez minutos. Ela sabia que não havia nada a ser feito a não ser esperar até amanhecer e ir procurá-lo.
Com a mão no rosto Celeste chorou por horas seguidas, apesar de seu marido não ser perfeito ela o amava e seus filhos também. Por isso ela não queria perde-lo.
“ Óia, eu sei que eu tava perdido, mas porque tamo demorando tanto? Se eu tava tão longe de casa assim como ocê me escutou?” – questionava o bêbado.
“Estamos chegando, logo logo ocê vai chegar em casa, oia a luz ali.” – respondeu a mulher.
José olhou para frente e viu uma luz branca em meio a vegetação. Afobado ele saiu correndo em direção ao seu destino. Quando ele passou pela ultima árvore ele levou um susto e parou imediatamente com medo de perder sua vida. Por pouco ele não caiu no penhasco a sua frente.
“Sua desgraçada. Ocê ta tentando me mata? – gritou José olhando a mulher que ainda estava caminhando em sua direção.
Celeste não disse nada e continuou caminhando em direção a José que esperava que ela se aproximasse para dar-lhe umas bordoadas. A luz da lua cheia iluminou o rosto daquela que supostamente era sua esposa.
Para o terror de José, quem o guiou para fora da mata não foi sua esposa, mas uma figura que ele não podia imaginar o que era. O rosto lembrava uma cabra misturada com um cavalo com olhos grandes em formato elíptico, mas coberto de escama vermelha. O corpo parecia humano, mas era coberto de pelos negros e brilhantes. No lugar dos pés havia um par de cascos. O ar que antes estava fresco e cheirava a plantas havia se transformado em um ar pesado e denso, o cheiro de enxofre no ar era muito evidente para ser ignorado.
“Vai de reto Sat...” – tentou gritar José.
Com uma velocidade inumana a criatura correu em direção a José. Com um de seus cascos ela bateu no peito do homem que foi arremessado no precipício. O bêbado sentiu o casco bater em seu peito, seus pulmões não obedeceram a ordem de respirar. Seus pés saíram do chão e ele outra vez viu o mundo girar descontroladamente.
O José girou dezenas de vezes até atingir uma pedra que ficava em baixo do precipício. Seu corpo contorcido ficou estático e seu olhar petrificado. Sangue escorreu por debaixo de seu cadáver manchando a pedra de vermelho. Olhando com deleite lá de cima do precipício estava a criatura. Sorrindo com seus dentes grandes e pontiagudos. Ela diz ao espírito de José que esta sendo carregado por vultos sombrios enquanto se debatia e gritava.
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